quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Perdão

"O jovem estava sentado sozinho no autocarro e passava a maior parte do tempo a olhar pela janela. Ele tinha cerca de 25 anos, uma bela aparência e um rosto bondoso. Uma vez por outra, desviava o olhar da janela, e a ansiedade, estampada no seu semblante, tocou o coração de uma avó sentada do outro lado do corredor. Quando o autocarro já se aproximava dos limites de uma pequena cidade, ela sentiu uma compaixão tão grande pelo jovem que atravessou o corredor e pediu licença para se sentar ao lado dele. Após alguns momentos de conversa amena sobre o clima quente da primavera, ele disse inesperadamente:
- Fiquei dois anos na prisão. Saí esta manhã e estou a caminho de casa.

As suas palavras fluíram com mais facilidade quando ele disse que a sua família era pobre, e que o seu crime trouxera vergonha e desgosto a todos. No decorrer daqueles dois anos ele não recebeu nenhuma notícia deles. Sabia que eram muito pobres para fazerem uma viagem tão longa até à prisão e que os seus pais provavelmente consideravam-se incultos demais para escrever. Ele parou de escrever para a família por não ter recebido nenhuma resposta.

Três semanas antes de ser libertado, ele escreveu uma carta desesperada aos seus familiares dizendo que lamentava muito ter-lhes causado tanto desapontamento e pedindo perdão.
Contou-lhes que seria solto da prisão e que viajaria de autocarro para a sua cidade natal, que passaria em frente à casa onde ele tinha crescido e onde os seus pais ainda moravam. Disse que compreenderia se eles não o perdoassem.
Na tentativa de facilitar as coisas para a família, o jovem pediu que eles lhe dessem um sinal que pudesse ser visto do autocarro. Se eles o tivessem perdoado e o aceitassem de volta, deveriam amarrar uma fita branca na antiga macieira, que ficava em frente à casa. Se a fita não estivesse lá, ele continuaria no autocarro, iria embora da cidade e da vida deles para sempre.

À medida que o autocarro se aproximava da sua rua, o jovem foi ficando cada vez mais nervoso, ao ponto de ter medo de olhar pela janela, porque estava certo de que não haveria nenhuma fita.

Depois de ouvir a história, a senhora perguntou:

- Você se sentiria melhor se trocássemos de lugar e eu me sentasse perto da janela para ver se a fita está lá?

O autocarro rodou mais alguns quarteirões e, em seguida, a senhora avistou a árvore. Ela tocou carinhosamente o ombro do rapaz e, sufocando as lágrimas disse:
- Olhe! Olhe! A árvore inteira está coberta de fitas brancas."

Também é assim que Deus nos recebe quando decidimos voltar para casa. Com uma árvore cheia de fitas brancas!

Histórias Para o Coração, Alice Gray

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Amigo de Deus

O pastor de uma igreja decidiu observar as pessoas que entravam para orar. A porta se abriu e um homem de camisa esfarrapada adentrou pelo corredor central. O homem se ajoelhou, inclinou sua cabeça, se levantou e foi embora. Nos dias seguintes, sempre ao meio-dia, a mesma cena se repetia. Cada vez que se ajoelhava por alguns instantes, deixava de lado uma marmita. A curiosidade do pastor crescia e também um receio de que fosse um assaltante, então decidiu aproximar-se e lhe perguntar o que fazia ali. O velho homem disse que trabalhava numa fábrica em um outro bairro da Cidade. O almoço havia sido há meia hora atrás e ele reservava o tempo restante para orar. E ficava apenas alguns momentos, porque a fábrica ficava muito longe dali. E disse a oração que fazia: "Eu vim novamente aqui, Senhor, só pra lhe dizer quão feliz eu tenho sido desde que nos tornámos amigos e o Senhor me livrou dos meus pecadoss. Não sei bem como devo orar, mas eu penso em você todos os dias. Assim, Jesus, hoje estou aqui, só checando." O pastor, sentindo-se um tolo, disse a Jim que ele era bem-vindo e poderia vir à igreja e orar sempre que desejasse. É hora de ir - disse Jim sorrindo. Agradeceu e dirigiu-se apressadamente para a porta. O pastor se ajoelhou diante do altar, como nunca havia feito antes. Seu frio coração se derreteu e ali teve um encontro com Jesus. Enquanto lágrimas escorriam por seu rosto, ele repetiu a oração do velho Jim: Eu vim novamente aqui, Senhor, pra lhe dizer quão feliz eu tenho sido desde que nos tornamos amigos e o Senhor me livrou dos meus pecados. Não sei bem como devo orar mas penso em você todos os dias. Assim, Jesus, hoje aqui estou eu, só checando.

Um dia, quando passou o meio-dia, o pastor notou que Jim não havia vindo. Percebendo que sua ausência se estendeu pelos dias seguintes, começou a ficar preocupado. Foi à fábrica e perguntar por ele e descobriu que estava enfermo. Durante a semana em que Jim esteve no hospital, mudou a rotina da enfermaria. Sua alegria era contagiante. A chefe das enfermeiras, contudo, não pôde entender porque um homem tão simpático como Jim não recebia flores, telefonemas ou cartões de amigos ou parentes, nem mesmo a visita de alguém. Ao encontrá-lo, o pastor se colocou ao lado de sua cama, quando Jim ouviu o comentário da enfermeira: Nenhum amigo veio pra mostrar que se importa com ele. Ele não deve ter ninguém com quem contar. Parecendo surpreso, o velho Jim virou-se para o pastor e disse com um largo sorriso: A enfermeira está enganada, ela não sabe, mas durante todos os dias em que estive aqui, ao meio-dia Ele está aqui, um querido Amigo meu, que se senta bem junto a mim, segura a minha mão, se inclina em minha direcção e me diz: "Eu vim só pra lhe dizer, Jim, quão feliz eu sou desde que nos tornamos amigos e eu o livrei de seus pecados. Eu amo ouvi-lo quando você ora e penso em você todos os dias. Assim, estou hoje aqui, só checando".


Encontrado neste blog http://nellybiel.blogspot.com/

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Aplauso do Céu

«Estou quase em casa. Depois de cinco dias, quatro camas de hotel, onze restaurantes e vinte e duas xícaras de café, estou quase em casa. Depois de oito poltronas de avião, cinco aeroportos, dois atrasos, um livro e quinhentos e treze pacotes de amendoim, estou quase em casa.
O avião ressoa debaixo de mim. Uma criança chora atrás de mim. Homens de negócios conversam ao meu redor. Um sopro de ar frio me atinge, mas o que importa é o que está diante de mim - o lar.
O lar. Foi meu primeiro pensamento quando chorei hoje de manhã. Foi meu primeiro pensamento quando desci o último degrau. Foi meu primeiro pensamento quando me despedi do meu último hospedeiro no último aeroporto.
Não existe porta igual à porta de sua casa. Não há melhor lugar para se colocar o pé do que debaixo de sua própria mesa. Não há melhor café do que o café de seu bule. Não há melhor refeição do que a de sua própria mesa. E não há melhor abração do que o de sua própria família.
O lar. A parte mais longa quando se vai para casa é a última parte - o avião taxiando para o fim da pista. Eu sou o cara a quem a comissária de bordo manda sentar. Sou o cara com uma das mãos na maleta e outra no cinto de segurança. Aprendi que há um segundo crítico em que posso ficar no corredor da primeira classe antes que as pessoas comecem a deslocar para a área principal.
Não faço isso em todos os vôos. Somente quando estou indo para casa.
Há um pulsar no coração quando saio do vôo. Fico quase nervoso quando subo a rampa. Agarro minha pasta. Meu estômago se contrai. Minhas mãos suam. Entro no corredor como um ator entra no palco. Levanta-se a cortina e o auditório fica em meia-lua. Muitas pessoas vêem que não sou quem elas procuram e passam por mim.
Mas do lado ouço o grito familiar de duas garotinhas: "Papai!" Eu me viro e as vejo - esfregando os rostos, em cima de cadeiras, subindo e descendo enquanto o homem de suas vidas se encaminha para elas. Jenna pára de se balançar para poder bater palmas. Ela aplaude! Não sei quem lhe disse para fazer isso, mas você pode ter a certeza de que não vou lhe dizer que pare.
Por trás delas vejo um terceiro - a pequenina Sara - de apenas poucos meses de idade. Dormindo profundamente, ela franze a sobrancelha em reação ao barulho do ambiente.
Aí, então, vejo um quarto rosto - o rosto de minha esposa. De alguma forma, ela encontrou tempo para pentear os cabelos, pôr um novo vestido e um brilho extra. De alguma forma, mesmo cansada e exausta, ela me faz sentir que minha semana é a única coisa sobre a qual vale a pena falar.
Rostos caseiros.
É isso que torna a promessa no final das bem-aventuranças tão maravilhosa: "Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus."
Qual é a nossa recompensa? O lar.»


(...)


«Breve estarei em casa. Meu avião se aproxima de San Antonio. Posso sentir que o avião começa a descer. Os comissários de bordo se preparam. Denalyn está em algum lugar estacionando o carro e apressando as meninas em direção do terminal.
Logo estarei em casa. O avião aterrissará. Descerei a rampa, ouvirei meu nome e verei seus rostos. Logo estarei em casa.
Você também estará logo em casa. Pode não ter notado, mas você está mais perto do que nunca. Cada momento é um passo naquela direção. Cada vez que respira é uma página virada. Cada dia é um quilômetro marcado, uma montanha escalada. Você está mais perto de casa do que nunca.
Antes de notar, seu momento de chegada acontece; você desce a rampa e entra na cidade. Verá rostos que estão esperando por você. Ouvirá seu nome pronunciado por aqueles o amam. E, talvez, apenas talvez, na parte posterior, por trás da multidão - Aquele que preferiu morrer a viver sem você tirará suas mãos feridas de sob seu manto celeste e... aplaudirá.»

Excertos de O Aplauso do Céu, de Max Lucado